O céu vai se tornando claro. A última estrela brilha como prata. Para saudar ,o tambor bate. A bruma ainda flutua entre ilhas, que se nos apresentam como pequenos montes escondendo suas íntimas verdades de altos cimos.
Ele tira a roupa em cerimônia para o “Tudo’, como se fosse rito. A noite se dissolve até o nada. A luz, o sol que nasce; não se deixa ver pelo sol que, apaixonado se avermelha. Soam as flautas, inicia-se o dia. Nas casas, grandes ou pequenas, de um lado para outro as pessoas acordam”.
Um antropólogo disse: “os Xamãs são os domesticadores do caos ou os construtores da cultura”. Onde reside sua habilidade, onde está seu segredo? Por onde começa o seu poder?
É o respeito à natureza, a participação da dança do Tudo; a harmonia em integrar os acontecimentos constantes; a intimidade com os elementos, o planificar o imprevisto; o ter a visão para conduzir sua tribo; a compreensão da dependência; o conhecer os limites, a segurança de estar em comunhão; a paz de não estar em conflito; o aceitar-nos; o amar-nos. A vida em Tao. Saber se somos pêssegos ou bananas, entender nossos limites, educar-nos, chegar a ser, tentando, saber-se humildemente ligado, concatenado, em equilíbrio, ser parte da dança, tecer a nossa natureza com o Todo, desprendermos da sapiência de átomo, não ter medo de explodir, de ser só um som, de mudarmos em som, de desintegrarmos, de morrer e de nascer novamente. Saber que nada acaba, que se transforma.
Aprendermos a ser leves, sábios, alegres, memoriosos como o ar, perseverantes, compreensivos, entregues como a água, humildes, seguros e conscientes como a terra, apaixonados, exigentes e aceitos como o fogo.
Aprender a ser pedra.”
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